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Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pensar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Sonetto della Fedeltà

Di tutto, al mio amore sarò attento
Anzi, e con tal zelo, e sempre, e tanto
Che pur di fronte al maggior incanto
Di lui si incanti più il mio pensamento.

Voglio sentirlo in ogni mio momento
E in suo onor devo spiegar il canto
E ridere riso e versare il pianto
Al suo pensar o'l suo contentamento.

Così, quando piu' tardi mi persegua
Chissà la morte, angoscia di chi vive
Solitudine chissà, fin di chi ama

Io possa a me dir dell'amor (che ebbi):
Che non sia immortal, posto che è fiamma
Ma che sia infinito finquanto duri.

(traduz. Giancarlo Perlo)

 

O poeta e a lua

Em meio a um cristal de ecos
O poeta vai pela rua
Seus olhos verdes de éter
Abrem cavernas na lua.


A lua volta de flanco
Eriçada de luxúria
O poeta, aloucado e branco
Palpa as nádegas da lua.


Entre as esferas nitentes
Tremeluzem pelos fulvos
O poeta, de olhar dormente
Entreabre o pente da lua.


Em frouxos de luz e água
Palpita a ferida crua
O poeta todo se lava
De palidez e doçura.


Ardente e desesperada
A lua vira em decúbito
A vinda lenta do espasmo
Aguça as pontas da lua.


O poeta afaga-lhe os braços
E o ventre que se menstrua
A lua se curva em arco
Num delírio de luxúria.


O gozo aumenta de súbito
Em frêmitos que perduram
A lua vira o outro quarto
E fica de frente, nua.


O orgasmo desce do espaço
Desfeito em estrelas e nuvens
Nos ventos do mar perpassa
Um salso cheiro de lua.


E a lua, no êxtase, cresce
Se dilata e alteia e estua
O poeta se deixa em prece
Ante a beleza da lua.


Depois a lua adormece
E míngua e se apazigua...
O poeta desaparece
Envolto em cantos e plumas


Enquanto a noite enlouquece
No seu claustro de ciúmes.

Il poeta e la luna

In un cristallo d'echi, il giovane
poeta va per la via bruna,
mentre i suoi occhi, verdi d’etere,
aprono grotte nella luna.


La luna rotola sul fianco
rabbrividendo di lascivia;
sfiora il poeta, esangue e bianco,
le curve tumide di Trivia


cui soffice, tra le nitenti
sfere, biondeggia un vello fulvo;
il giovane, con gli occhi spenti,
socchiude il pettine alla luna.


Flussi di luce, flussi d'acqua
distilla pallida la cruda
ferita: il giovane si sciacqua
nella dolcezza che trasuda.


Arsa consunta disperata
la luna giace ora in decubito;
il pigro avvento dello spasimo
la fa piá aguzza, piú falcata.


Alle carezze sulle braccia,
sul grembo madido che infuria,
la luna ad arco ormai si allaccia
in un delírio di lussuria,


sin che, maturo, il frutto gronda
in lunghi fremiti. Denuda
la luna l'altro quarto e affonda
e s'abbandona, pazza e muta.


L'orgasmo scende dallo spazio
disfatto in stelle, sciolto in nuvole;
dal mare il vento reca il sazio,
il salso odore dell'amata


che intanto cresce, nell'ebbrezza,
estua, s'innalza, si dilata,
mentre il poeta sbigottisce
all'incredibiie bellezza.


Infine l'astro s'assopisce
stanco, si spegne piano piano.
Anche il poeta é già lontano,
avvolto in piume, in melodia.


Ora è la notte che impazzisce
nel chiostro della gelosia

(traduz. Anton Angelo Chiocchio)

 

Soneto da Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silêncioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Sonetto della Separazione

D’un tratto dal sorriso sorse il pianto
Silenzioso e bianco come la bruma
E dalle bocche unite sorse schiuma
E dalle mani tese lo sgomento

D’un tratto dalla calma sorse il vento
Che degli occhi disfò l’ultima fiamma
Dalla passione sorse lo scontento
E dall’istante immoto sorse il dramma

D’un tratto, no assai più che sol d’un tratto
Divenne triste colui che era amante
E solo colui che era soddisfatto

Divenne l'amico intimo distante
La vita diventò avventura errante
D’un tratto, no assai più che sol d’un tratto.

(traduzione di Tiziana Tonon)

 

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
extático da aurora.

Tenerezza

Ti chiedo perdono per amarti tutt'a un tratto
Sebbene il mio amore sia una vecchia canzone nelle tue orecchie
Delle ore che passai all'ombra dei tuoi gesti
Bevendo dalla tua bocca il profumo dei sorrisi
Delle notti che passai dormiente
Fuggendo eternamente dalla grazia indicibile dei tuoi passi
Porto la dolcezza di quelli che accettano malinconicamente.
E ti posso dire che il grande affetto che ti lascio
Non porta con sé l'esasperazione delle lacrime ed il fascino delle promesse
E neppure le parole misteriose dei veli dell'anima...
E' un riposo, un'unzione, un trasbordamento di carezze
E ti chiede soltanto di riposarti quieta, molto quieta
E lascia che le mani ardenti della notte incontrino senza fatalità lo sguardo
estatico dell'aurora.

(Traduz. Massimiliano Fiorani)

 

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

Dialettica

È chiaro che la vita sia buona
E l'allegria, l'unica emozione indicibile
È chiaro che io ti trovi bella
In te benedico l'amore delle cose semplici
È chiaro che io t'ami
E ho tutto per essere felice
Ma accade che sono triste...

(Traduz. Massimiliano Fiorani)

 

Desalento

Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu chorei
Que eu morri
De arrependimento
Que o meu desalento
Já não tem mais fim
Vai e diz
Diz assim
Como sou
Infeliz
No meu descaminho
Diz que estou sozinho
E sem saber de mim

Diz que eu estive por pouco
Diz a ela que estou louco
Pra perdoar
Que seja lá como for
Por amor
Por favor
É pra ela voltar

Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não sei
Que eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ela
Que eu entrego os pontos

Avvilimento

Sì, vai e dì
Dì così
Che io ho pianto
Che io sono morto
Di pentimento
Che il mio avvilimento
Giammai avrà fine
Vai e dì
Dì così
Come sono
Infelice
Nel mio smarrimento
Dì che sono solo
E senza conoscenza di me

Dì che sono rimasto per poco
Dille che sono pazzo
Per perdonare
Comunque sia
Per amore
Per favore
E' perché lei torni

Sì, vai e dì
Dì così
Che ho girato
Che ho bevuto
Che sono caduto
Che io non sono
Che mi sono stancato, infine
Delle mie disillusioni
Corri e dille
Che io mi fermo qui

(Traduz. Massimiliano Fiorani)

Poema enjoadinho

Filhos . . . Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete . . .
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los . . .
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

Poema un po' scocciato

Figli...Figli?
Meglio non averne!
Ma se non ne abbiamo
Come saperlo?
Se non ne abbiamo
Chi ci visita
Quanto silenzio
Come li desideriamo!
Bagno di mare
Dice che è un manganello
La consorte vola
Valica lo spazio
Inghiottisce acqua
È salata
Si iodifica
Dopo, che bella
Che mora
Che è la sposa!
Risultato: un figlio.
E allora comincia
La noia:
La cacca è bianca
La cacca è nera
Beve l'ammoniaca
Ha mangiato un bottone
Figli? Figli
Meglio non averne
Notti insonni
Canizie premature
Pianti convulsi
Dio lo salvi!
I figli sono il demonio
Meglio non averne...
Ma se non ne abbiamo
Come saperlo?
Come sapere
Che morbidezza
Nei loro capelli
Che odore tiepido
Nella loro carne
Che gusto dolce
Nella loro bocca!
Succhiano il rasoio
Bevono lo shampoo
Accendono il fuoco
Nel quartiere
Però, che cosa
Che cosa insensata
Che bella cosa
Che sono i figli!

(traduz. Massimiliano Fiorani)

 

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Sonetto dell'Amore Totale

Ti amo tanto, amore mio... non canta
Il cuore umano con più verità...
Amo te come amico e come amante
In una sempre diversa realtà.

Ti amo affine, di calmo amore pronto,
E da oltre ti amo, presente in nostalgia.
Ti amo, insomma, con grande libertà
Dentro l'eterno ed in ogni momento.

Come ama l'animale ti amo semplicemente,
D'amore privo di mistero e privo di virtù
Con un desiderio massiccio e permanente.

E di amarti talmente e di frequente,
Un giorno nel corpo tuo di repente
Avrò da morire di amarti più che uno possa.

(Traduzione di Giuseppe Ungaretti)

Receita de mulher

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa.
Não há meio-termo possível. É preciso
Qu tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que tudo seja belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Eluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como ao âmbar de uma tarde. Ah, deixai-e dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) e também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é, porém, o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de 5 velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto, sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37° centígrados podendo eventualmente provocar queimaduras
Do 1° grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro da paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que, se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ele não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

Ricetta di donna

Mi perdonino quelle molto brutte
Ma la bellezza è fondamentale. Bisogna
Che ci sia qualche cosa di danza, qualche cosa di haute couture
In tutto ciò (oppure
Che la donna socializzi elegantemente in azzurro, come nella Repubblica Popolare Cinese
Non ci sono mezze misure possibili. Bisogna
Che tutto ciò sia bello. Bisogna che subito
Si abbia l'impressione di vedere un airone appena posato e che un viso
Assuma talvolta questo colore che si può trovare soltanto nel terzo minuto dell'aurora.
Bisogna che tutto ciò sia senza essere, e che si rifletta e sbocci
Nello sguardo degli uomini. Bisogna, bisogna assolutamente
Che tutto sia bello ed inatteso. Bisogna che alcune palpebre chiuse
Ricordino un verso di Eluard e che si accarezzi in alcune braccia
Qualche cosa al di là della carne: che se li tocchi
Come all'ambra di una sera. Ah, ho dimenticato di dirvi
Che bisogna che la donna che sta lì come la corolla davanti all'uccello
Sia bella ed abbia almeno un viso che ricordi un tempio e
Sia leggera come il resto di una nuvola: ma che sia una nuvola
Con occhi e natiche. Le natiche sono molto importanti. Anche gli occhi,
Senza dubbio, che guardino con una certa malignità innocente. Una bocca
Fresca (mai umida!) e anche di estrema pertinenza.
Bisogna che le estremità siano magre; che delle ossa
Spuntino, soprattutto la rotula nell'accavallare le gambe, e le punte del bacino
Nell'intreccio di una cintura semovente.
Gravissimo è, però, il problema del portasapone: una donna senza portasapone
È come un fiume senza ponti. È indispensabile
Che ci sia un'ipotesi di pancetta, e in seguito
Che la donna si innalzi in calice, e che i suoi seni
Siano un'espressione greco-romana, più che gotica o barocca
E che possano illuminare l'oscurità con una capacità minima di 5 candele.
Particolarmente ostinato che il teschio e la colonna vertebrale stiano
Lievemente in mostra; e che esista un grande latifondo dorsale!
Gli arti che terminino come aste, ma che ci sia un certo volume di cosce
E che esse siano lisce, lisce come un petalo e coperte di soavissima peluria
Tuttavia, sensibile alla carezza in senso contrario.
È consigliabile nell'ascella una dolce erba con aroma proprio
Appena sensibile (un minimo di prodotti farmaceutici!)
Preferibili senza dubbio i colli lunghi
In maniera che la testa dia a volte l'impressione
Di non aver nulla a che vedere col corpo, e la donna non ricordi
Fiori senza mistero. Piedi e mani devono contenere elementi gotici
Discreti. La pelle deve essere fresca nelle mani, nelle braccia, nel dorso e nella faccia
Però che le concavità e le rientranze abbiano una temperatura mai inferiore
A 37 gradi centigradi, potendo eventualmente provocare scottature
Di 1° grado. Gli occhi, che siano preferibilmente grandi
E di rotazione lenta almeno quanto quella della Terra; e
Che si collochino sempre al di là di un invisibile muro di passione
Che deve essere oltrepassato. Che la donna sia in principio alta
O, nel caso sia bassa, che abbia l'attitudine mentale degli alti pinnacoli.
Ah, che la donna dia sempre l'impressione che, se chiude gli occhi
Nell'aprirli lei giammai sarà presente
Col suo sorriso e le sue trame. Che lei appaia, non venga; parta, non vada
E che possieda una certa capacità di ammutolire improvvisamente e farci bere
Il fiele del dubbio. Oh, soprattutto
Che non perda mai, non importa in che mondo
Non importa in quali circostanze, la sua infinita volubilità
di passero; e che accarezzata nel fondo di se stessa
Si trasformi in belva senza perdere la sua grazia d'uccello; e che esali sempre
Il profumo impossibile; e che distilli sempre
Il miele ubriacante; e che canti sempre l'inaudibile canto
Della sua combustione; e che mai smetta d'essere l'eterna ballerina
Dell'effimero; e che nella sua incalcolabile imperfezione
Costituisca la cosa più bella e perfetta di tutta l'innumerevole creazione.

(Traduz. Massimiliano Fiorani)

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